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Agência Minas Gerais | Uso excessivo de álcool está relacionado ao maior número de acidentes no Carnaval

Na retomada do Carnaval em 2023, 5,25 milhões de foliões acompanharam os blocos e os desfiles nas ruas de Belo Horizonte, e a expectativa para este ano é ainda maior, quando são esperadas 5,5 milhões de pessoas na capital mineira e outras 6,6 milhões no interior do estado. Com isso, aumenta a possibilidade de que o número de entradas de pacientes nos serviços de saúde também cresça entre os dias 10 e 13/2.

Em 2023, somente no Hospital João XXIII (HJXXIII), referência em politraumatismos, houve 233 atendimentos por causas ligadas, direta ou indiretamente, ao uso abusivo de álcool e outras drogas, situação que costuma se repetir a cada ano, durante os quatro dias de folia. Em 2019, foram 252 entradas e, em 2020, 269 pessoas foram atendidas. Além de intoxicações alcoólicas, a combinação entre álcool e grandes aglomerações costuma resultar em tombos, brigas e outros tipos de agressões, acidentes envolvendo motos, carros e pedestres.

Considerando os últimos cinco anos, se compararmos esses números com o mesmo período dos anos de 2021 e 2022, em que as comemorações foram suspensas em razão da pandemia da covid-19, fica claro o impacto do comportamento dos foliões, durante o Carnaval, sobre as entradas na rede de saúde, especialmente no pronto-socorro do HJXXIII e no Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência (CHUE) da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), em que houve redução superior à metade do quantitativo de casos (55,97%). Além disso, em 2021 e 2022, não houve atendimentos por intoxicação alcoólica no período que corresponderia a essa festa popular.

Álcool e rodovias

“Os casos mais graves que chegam ao HJXXIII são de acidentes nas rodovias federais (BRs), envolvendo pessoas que vêm de outras cidades para BH. Nesse período, as rodovias ficam mais movimentadas, aumentando o risco de acidentes associados ao uso de álcool”, alerta o cirurgião-geral e gerente médico do Chue, Rodrigo Muzzi.

Ainda segundo Muzzi, dentro da cidade, as principais ocorrências são atendidas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos Postos Médicos Avançados, criados especificamente para esse período. “São casos clínicos de pessoas que bebem demais e passam mal, ou não se hidratam o suficiente e desmaiam, como também de pequenos ferimentos, como cortes e escoriações”, relata.

Atenção redobrada às crianças

Dos 536 blocos de rua que desfilam no Carnaval deste ano em Belo Horizonte, 21 são destinados às crianças. Meninas e meninos são mais sensíveis aos efeitos do calor, principalmente neste período do ano, quando as temperaturas estão ainda mais altas e a radiação ultravioleta têm alcançado níveis extremos.

Portanto, é recomendável que os pequenos não sejam levados para a rua sem proteção solar, e devem usar roupas leves, chapéus ou bonés. Os responsáveis também devem oferecer água ao longo de todo o tempo em que estiverem fora de casa e alimentá-los adequadamente, tomando cuidado com a procedência desses alimentos, certificando-se de que estão frescos e sempre provando a comida antes de oferecê-la às crianças.

Quem estiver com as crianças não deve se afastar deles em nenhuma circunstância, e em grandes aglomerações o risco de perdê-los aumenta consideravelmente. Ao chegar aos locais de desfile dos blocos, deve-se verificar as áreas de evacuação e manter a calma, caso ocorra alguma situação em que seja necessário deixar o local antes do tempo previsto.

Em caso grave: hospital

As UPAs e os Postos Médicos Avançados devem ser procurados pelos foliões nos casos de baixo risco, como pequenos cortes, escoriações, desidratações ou outras situações semelhantes. Os postos avançados vão funcionar 24 horas, das 19h do dia 9/2 às 7h do dia 14/2. Eles estão localizados no Centro de Referência das Juventudes (Rua Guaicurus, 50 – Centro) e UPA Centro-Sul (R. Domingos Vieira, 488 – Santa Efigênia).

O atendimento hospitalar, como no caso do HJXXIII, deve ser buscado somente nas ocorrências mais graves, a exemplo das agressões por arma de fogo ou por arma branca (facas, etc.), quedas da própria altura, intoxicação alcoólica grave, acidentes de trânsito, entre outros que causam traumatismos ou ferimentos severos.

Cachoeira requer cuidado

Minas Gerais é conhecida também por suas cachoeiras. No estado fica a terceira maior do país: a do Tabuleiro. Somente no ano passado, os parques estaduais atraíram quase um milhão de visitantes. Quem pretende trocar a agitação dos blocos de rua e dos desfiles de carnaval pela tranquilidade das atrações naturais, deve estar atento à profundidade das águas e avaliar bem o local antes de mergulhar. Também é importante se informar sobre a possibilidade de trombas d’água, muito comuns nesta época do ano, em razão da maior quantidade de chuvas. Em caso de tempestade, a pessoa não deve entrar na água.

A falta de cuidado ao realizar mergulhos, ou mesmo ao entrar nas águas de cachoeiras, rios, lagos ou poços, pode resultar em lesão grave na medula (lesão raquimedular). Frequentemente, acidentes desse tipo têm como causa primária o uso abusivo de álcool ou outras drogas, que comprometem a capacidade de julgamento para os riscos aos quais a pessoa se expõe. Outra dica importante é evitar brincadeiras como empurrar amigos para dentro de cachoeiras, poços, rios ou lagos.

Afogamentos

Quem não sabe nadar jamais deve se arriscar a entrar na água, seja em piscina, cachoeira, poço, lago ou rio. Quem sabe nunca pode superestimar sua habilidade e nadar em locais isolados. É recomendável consultar o guarda-vidas sobre o melhor local para o banho. E lembre-se de que as bandeiras vermelhas indicam alto risco de afogamento. Quem estiver em embarcações deve usar o colete salva-vidas. Não tente salvar alguém se você não estiver em condições.

Em qualquer circunstância, o uso de álcool e outras drogas potencializam as chances de afogamento. Se utilizou substâncias desse tipo, não supervisione ou fique próximo a crianças, que devem sempre usar boias e estar acompanhadas por um adulto sóbrio.

Dengue

Este ano, o aumento dos casos de dengue no estado é mais um fator que pode contribuir para a ampliação do número de atendimentos nos hospitais e demais serviços de saúde durante o carnaval. Para ampliar o atendimento e apoiar a assistência à população de Belo Horizonte, principalmente da região do Barreiro, a Fhemig abriu uma unidade de hidratação (reposição volêmica) no Hospital Júlia Kubitschek (HJK), na última sexta-feira (2/2).

Há 21 poltronas disponibilizadas para atendimento a pacientes que necessitam de hidratação venosa e 30 cadeiras para hidratação oral. O serviço funciona, todos os dias, das 7h às 19h.

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