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Rita Lee é a homenageada da Sexta de Música na CBN João Pessoa

Silvio Osias

Rita Lee é a homenageada nesta sexta-feira, 10 de maio de 2024, na minha coluna semanal na CBN João Pessoa. A Sexta de Música vai ao ar fechando o CBN Cotidiano, às 16h45.

A Sexta de Música vai trazer vários momentos da carreira de Rita Lee. Começa na época dos Mutantes, passa pela fase rock’n roll e termina com a parceria dela com Roberto de Carvalho.

A homenagem a Rita Lee é porque nesta quarta-feira, oito de maio, fez um ano da morte dela. Rita Lee morreu aos 75 anos de câncer no pulmão.

Três fases podem resumir a carreira de Rita Lee. No começo, há os Mutantes. Um trio (Rita, Arnaldo e Sérgio) que virou um quinteto (Rita, Arnaldo, Sérgio, Dinho Leme e Liminha), produzindo rock de vanguarda, participando ativamente do movimento tropicalista e se transformando, bem mais tarde, na banda brasileira de rock mais reverenciada no planeta.

Depois veio o rock, rock mesmo, da fase Tutti Frutti. Ela e sua banda. Uma mulher band leader num universo musical bem machista. Rita Lee e Tutti Frutti. Os álbuns Fruto Proibido, Entradas e Bandeiras, Babilônia. Ovelha Negra e uma penca de sucessos, rocks, baladas, blues. Melodias que marcaram uma época, letras incríveis – tudo com a assinatura da talentosa melodista e da inteligente letrista que Rita Lee sempre foi.

Por fim, o pop, resultado do casamento (musical e no amor) com o guitarrista, tecladista e compositor Roberto de Carvalho. Entre o final da década de 1970 e o início da de 1980, Rita entregou-se totalmente ao sucesso, compôs e gravou seus maiores hits, demonstrando cabalmente que não existe nenhuma incompatibilidade entre qualidade e sucesso comercial.

Rita Lee sempre foi identificada com o rock, mas não quero deixar de mencionar que João Gilberto viu nela uma cantora de rock que cantava bossa nova. Ou uma cantora de bossa nova que cantava rock. É lindo, é profundo, é perfeito. Creio que só um artista imenso como João Gilberto diria algo assim, que, a um só tempo, é tão simples e diz tanto.

Rita Lee foi da música, mas foi muito além da música. Pelas atitudes, pela inteligência, pela graça que sabia inserir no seu comportamento e na visão que tinha das pessoas e do mundo. Irreverente, mas, principalmente, transgressora. Sabem aquela transgressão absolutamente necessária nesses cenários cheios de gente careta e covarde? Rita sempre deixou que esta estivesse ao seu lado. E – tão importante! – compôs para as mulheres, cantou para as mulheres, gritou pelas mulheres, sem que fosse uma ativista dogmática do feminismo padrão.

Rita Lee foi pioneira quando se pensa no papel da mulher na história da música popular brasileira. Ela cresceu num tempo em que havia poucas mulheres compondo e gravando suas canções. Criticada por sua identificação com o rock, sua música é muitíssimo brasileira. Nada de alienação, como muito se disse, e sim profunda identificação com as coisas do Brasil, com as nossas irreverências, com os nossos humores, com as nossas alegrias.

Felizes os que, como nós, fomos seus contemporâneos. Rita Lee foi (é) uma grande brasileira.

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