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Michelle Ramalho diz que que trajetória de liderança no esporte ‘foi uma oportunidade profissional’

A Presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Michelle Ramalho, é uma mulher em posição de liderança dentro de uma comunidade esportiva conhecida pela resistência ao trabalho das mulheres. No entanto, conforme ela contou no segundo episódio do videocast “Mercado em Movimento”, Michelle conseguiu vencer os preconceitos que o meio ocasiona e alcançou o mais alto cargo dentro do futebol paraibano.

A entrevista com a presidente da FPF, Michelle Ramalho, faz parte da temporada especial do videocast que vai ao ar semanalmente no Youtube do Jornal da Paraíba. 

https://www.youtube.com/watch?v=7WZQxmwUoRg

Com apresentação de Plínio Almeida, o videocast “Mercado em Movimento” conversa com diversas personalidades do empreendedorismo estadual, com episódios sendo divulgados toda segunda-feira. Os episódios ficarão disponíveis no site do Jornal da Paraíba e também no YouTube da CBN.

Trajetória de Michelle Ramalho antes do futebol

(Foto: Arquivo)

Antes de ingressar na carreira como uma profissional relevante no meio do futebol, Michelle Ramalho contou que a atuação dela começou no Direito e também no curso de Administração, que foram fundamentais para o enriquecimento acadêmico dela. 

“Meu avô era desembargador, meus tios também, assim como meu pai que era advogado, que foi procurador do estado, meu irmão foi promotor também. Então já tinham vários na carreira jurídica na família. Sempre foi uma paixão trabalhar com gestão”, disse. 

Com essas duas vertentes profissionais, Michelle, desde jovem, ingressou também no mundo dos negócios. Ela disse que foi sócia de uma livraria que tinha uma sucursal em Campina Grande, na época em que cursava Administração. Todavia, ela explicou que deixou essa área de atuação e focou apenas no Direito.

“Eu já entrei em um negócio muito nova e, graças a Deus, o negócio deu certo, e a Administração sempre esteve no meu coração e que não deixo de fazer nos dias de hoje. Eu me formei nos dois cursos e aplico hoje o que fiz, tanto estando na federação, quanto no meu escritório de advocacia”, disse. 

Michelle Ramalho também acumula a função de conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e diz que essa atribuição é de grande importância para a vida dela.

“Estou como conselheira federal nesta gestão, mas também já fui conselheira estadual das duas gestões anteriores. Então não foi algo que nasceu agora, já estou na verdade no terceiro mandato como conselheira e, nessa função, os advogados se juntam e votam naquele grupo que eles entendem ser melhor para representar eles na advocacia. Eu me sinto muito honrada de ter sido votada e fazer parte dessa chapa, representar os advogados em Brasília no conselho federal, defendendo as pautas não apenas da Paraíba, mas nacionais”, destaca. 

Michelle Ramalho faz parte de um grupo de mais de 150 conselheiros federais da OAB e está entre os seis representantes do estado da Paraíba. 

A dama de ferro do futebol paraibano

Michelle Ramalho comemora reeleição na FPF-PB — Foto: Wellington Faustino / FPF-PB

Em relação a ascensão como presidente da Federação Paraibana de futebol, Michelle Ramalho explicou que não almejava inicialmente trilhar a carreira no futebol, mas vislumbrou “uma oportunidade, um nicho que estava aberto” e adentrou nessa carreira. 

“Quando eu chego aqui, em João Pessoa, eu já entro no escritório de advocacia, no qual sou sócia, e já entrei na área de direito esportivo, que era uma área um pouco nova, que ainda pode melhorar muito. Eu sempre convido os advogados a participarem do direito esportivo, que ainda não é muito explorado, mas que tem um grande futuro”, ressaltou. 

Conforme Michelle Ramalho, na área do direito esportivo, ela advogou para alguns clubes paraibanos e, posteriormente, pela notoriedade que conquistou, ganhou o espaço para advogar em favor da federação. Também com destaque no cargo estadual, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) convidou Michelle Ramalho para trabalhar na instituição. Ela também integrou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). 

Sobre ser mulher nesse meio, Michelle Ramalho é sincera. “Sempre fui extremamente respeitada, sem sempre ocupar espaço. Sempre me deram cadeira e me deram voz. Então eu realmente não posso, não sou a pessoa certa para reclamar. Eu sou uma pessoa para justamente tentar quebrar esse tabu que existe e convidar cada vez mais as mulheres para também participar dos cargos de gestores”, detalha.

Depois desses passos, ela alcançou o cargo máximo da federação. Nesse período, ela conta que teve muitos desafios no começo de sua carreira no principal órgão do futebol paraibano, entre eles a arbitragem.

“O mais absurdo que eu encontrei (na federação) foi o quadro arbitrário, saber que nossa arbitragem não era mais convidada para fazer parte da arbitragem nacional. Víamos que todos os árbitros que eram formados por outras federações, eram convidados a apitar campeonatos nacionais e apenas a nossa, não. Isso era um dos meus maiores desafios”, disse. 

Enquanto gestora da federação, em 2019, quando já era presidente, ela revelou também que o órgão não dispunha de computadores para os funcionários executarem os trabalhos e sim de máquinas de datilografar. 

“Esse foi um grande desafio, mudar o pessoal, mudar a equipe que trabalhava justamente para acompanhar esse nova cara, nova gestão, que já estavam acostumados com a gestão passada. A mudança teve que ser brusca, tivemos que tirar quase todos que trabalhavam lá”, contou. 

Ao longo dos últimos anos como presidente, Michelle Ramalho modernizou a estrutura da federação, mudou o pessoal que trabalhava no órgão e fez um trabalho de tentativa de recuperação da imagem da instituição após inúmeros escândalos em gestões passadas. Ela conta que, em termos de arbitragem, também conseguiu reverter o panorama junto à CBF e atualmente os árbitros paraibanos fazem parte dos jogos nacionais e, em 2024, um árbitro paraibano foi considerado apto para apitar uma partida da principal divisão brasileira, a Série A.  

O futuro

Foto: Matheus Aquino / ge

Em relação ao desenvolvimento da federação para o futuro, Michelle Ramalho disse que ainda espera uma maior profissionalização entre os clubes, que já estão dando passos para isso com ajuda da entidade comandada por ela. 

“Os clubes já estão também caminhando e a gente vê que os frutos estão sendo colhidos. Mas não é fácil fazer futebol sem dinheiro, e futebol profissional mais ainda. Não depende apenas de um bom gestor, depende de ter bons jogadores, e pra se ter isso, quem é que paga essa conta?”, pontou. 

Outro ponto importante que ajuda na fonte de rendimento dos clubes para sustentabilizar o futuro das equipes e também a própria federação são os acordos de transmissão. Segundo Michelle Ramalho foi muito importante a parceria estabelecida entre a Rede Paraíba de Comunicação e a Federação para exibir o Campeonato Paraibano. 

“Isso dá visibilidade, que é tudo que os clubes precisam para cada vez mais atrair os patrocinadores e investir nos seus jogadores, comissão técnica. É uma cadeia alimentar, tá tudo ligado, e eu fiquei extremamente feliz de ter colhido esses frutos, porque desde o primeiro ano eu tenho uma folhinha de quais são minhas metas, entre elas, estava a transmissão em TV aberta”, disse. 

A presidente ainda considera que vai haver um melhoramento ainda dentro da federação nos próximos anos e que, de forma silenciosa, ela vai construir um futuro mais organizado para o futebol paraibano. “É um passo a cada ano, cada ano a gente vem melhorando, às vezes as pessoas não enxergam, mas se você faz uma retrospectiva e olha para trás, o quanto já se avançou, é um grande avanço”, ponderou. 

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