O Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) anunciou, nesta quarta-feira (13/3), os vencedores do Prêmio Confap de Ciência, Tecnologia e Inovação Professora Johanna Döbereiner (terceira edição).
Os pesquisadores de Minas Gerais voltaram para casa com prêmios nas categorias de Pesquisador Destaque – Ciências da Vida, Pesquisador Destaque – Ciências Humanas e Pesquisador Inovador – Inovação para o Setor Público.
Além disso, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) também foi reconhecida no Prêmio de Boas Práticas, sendo destaque com ação inovadora e na categoria Gestor Inovador.
A premiação ocorreu durante solenidade de abertura dos Fóruns Confap e Consecti, na cidade de Brasília (DF). Além dos presidentes das FAPs, estavam presentes representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), das agências nacionais de fomento à CT&I, do governo estadual, pesquisadores convidados e gestores da área.
Nas falas das autoridades, ficou evidente a importância da colaboração e da articulação entre agências e órgãos para o fortalecimento do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Luis Fernandes, secretário executivo do MCTI, destacou o papel fundamental dos dois conselhos, o Confap e o Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti). Além disso, chamou atenção para a importância da continuidade nas polícias para a área.
“Se desejamos transformar a ciência, tecnologia e inovação em pilares do desenvolvimento nacional, precisamos transformar as políticas de CT&I em políticas de Estado”, destacou.
A solenidade foi transmitida ao vivo pelo canal do Confap no Youtube.
Destaques
A pesquisadora Maria Fernanda Lima e Costa, da Fundação Oswaldo Cruz em Minas (Fiocruz Minas) ficou com o primeiro lugar na categoria Pesquisador Destaque – Ciências da Vida. Ela é médica epidemiologista, com trabalhos na área da saúde do idoso.
“Meu trabalho é determinantes em envelhecimento saudável. Eu fiz o primeiro grande coorte de idosos no Brasil, na cidade de Bambuí, que contemplou o envelhecimento na doença de Chagas. Esse projeto acompanhou a cidade por 15 anos. Depois disso, fui convidada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde para coordenar nacionalmente um estudo longitudinal de saúde do idoso que é desenvolvido em 70 municípios do país. São 10 mil participantes”, conta.
“São ondas subsequentes, estamos na terceira onda da pesquisa. A pesquisa é parte de um consórcio internacional de estudos sobre envelhecimento ao redor do mundo e a OMS (Organização Mundial de Saúde) nos escolheu para representar o Brasil na iniciativa para o envelhecimento saudável”, detalha.
A pesquisadora também foi responsável pela criação do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ligado ao Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina, onde deu aulas por muitos anos. Na Fiocruz Minas, presidiu a comissão que criou o Programa de Saúde Coletiva.
“Fiquei profundamente orgulhosa dessa premiação. Primeiro, por ser mulher. Segundo, por ser da área da saúde coletiva. Saúde coletiva, no Brasil, é uma das mais robustas do mundo. Estou profundamente orgulhosa de Minas, porque não foi só eu que ganhei. Estou muito feliz de ter sido indicada e escolhida”, conclui Maria Fernanda Lima.
Na categoria Pesquisador Destaque – Ciências Humanas, o professor Carlos Roberto Jamil Cury, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da PUC Minas, ficou com o segundo lugar.
Docente há 57 anos, suas diversas orientações nos níveis de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado contribuíram, diretamente, para a ampliação do conhecimento.
Cury foi presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Além disso, continua oferecendo consultoria esporádica para o Ministério da Educação, especialmente no que tange ao Sistema Nacional de Educação e tenho ido, por convite, a Comissões da Educação da Câmara, do Senado e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
“Eu fiquei muito honrado com essa premiação. Há pelo menos 50 anos eu e dou aulas na graduação e na pós-graduação, contribuindo para a formação de pessoas. Essas pessoas, depois de formadas, têm ocupado cargos de direção e de gestão. Também tenho recebido retorno dessas pessoas de como a passagem pelo mestrado e doutorado foi crucial para seu desempenho e para a qualidade de seu trabalho”, comenta.
Outro premiado de Minas Gerais foi o professor Ângelo de Fátima, do Departamento de Química da UFMG. Ele recebeu o terceiro lugar na categoria Pesquisa Inovador – Inovação para o Setor Público.
Ele é um dos pioneiros na América Latina quanto ao desenvolvimento de imunógenos com potencial para o tratamento da dependência de cocaína/crack, sendo idealizador do IFA da vacina batizada Calixcoca, cujos os estudos pré-clínicos já foram concluídos e o Dossiê de Desenvolvimento Clínico de Medicamento (DDCM) encontra-se em fase de redação.
Tendo sido em agraciado em uma categoria que destaca as contribuições da pesquisa científica e da inovação para o setor público, ele faça da importância de estudos que dialoguem com necessidades e demandas da população.
“Nada mais relevante do que pensar no setor público porque sou professor de uma universidade pública. Tenho um carinho muito grande por desenvolver pesquisas que possam realmente impactar o setor público e, obviamente, a sociedade de uma forma geral”, diz.
O presidente da Fapemig, Carlos Arruda, comemora. “Essa premiação é um reconhecimento da capacidade e da potencialidade dos pesquisadores mineiros, e da importância da contribuição de cada um, cada equipe e cada rede de pesquisa para o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade”, afirma.
Em sua terceira edição, o Prêmio Confap de CT&I reconhece o trabalho de pesquisadores que se destacaram em pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação, cujos resultados geraram conhecimento e beneficiaram, direta ou indiretamente, o desenvolvimento e o bem-estar da população brasileira.
O prêmio também reconhece a atuação de profissionais de comunicação que, por meio do jornalismo científico, contribuíram para a aproximação entre a CT&I e a sociedade brasileira. Os vencedores recebem certificados e troféus, além disso de prêmio em dinheiro, que chega a R$ 10 mil para o primeiro lugar.
Boas Práticas
Durante a solenidade, também foram conhecidas as iniciativas vencedoras do Prêmio Confap de Boas Práticas em Fomento à CT&I. A premiação reconhece ações e procedimentos criativos, diferenciados, inovadores, eficientes e eficazes no fomento ao desenvolvimento e execução da Política Nacional de CT&I.
O projeto “Pagamento automatizado das bolsas dos programas de incentivo à formação da Fapemig” recebeu o terceiro lugar na categoria Gestão e Desenvolvimento Organizacional.
A iniciativa, que funciona há mais de um ano, permite que o pagamento de cerca de 5 mil bolsistas seja feito de forma automatizada e não precise da intermediação de instituição gestora. Os robôs de automação passaram a realizar o registro dos dados cadastrais de bolsistas, bem como os empenhos, liquidações e ordens de pagamentos das bolsas.
Atualmente, dez máquinas operam simultaneamente, realizando, cada uma delas, 720 lançamentos por dia. Estima-se que um colaborador seria capaz de realizar 160 lançamentos por dia se trabalhasse oito horas sem interrupções.
Essa automatização permitiu que a Fapemig garantisse o pagamento de todos os seus bolsistas até o quinto dia útil de cada mês e ainda representou uma economia para os cofres públicos de mais de R$ 2,2 milhões por ano, referente ao que deixou de ser pago a título de despesa operacional para as fundações de apoio.
Pela primeira vez, o Prêmio Confap de Boas Práticas incluiu categorias Gestor Inovador e Técnico Inovador. O indicado da Fapemig na categoria Gestor Inovador foi Paulo Sérgio Lacerda Beirão, ex-presidente da fundação. Ele foi o grande vencedor desta terceira edição. Em seu discurso, agradeceu ao Confap e às equipes com as quais já trabalhou, em especial à equipe da Fapemig, que deu suporte as suas recentes realizações.