Cláudio Souza
Secretaria de Apoio Social ao Cidadão
Colaboração do estagiário João Vítor Trindade
Sexta-feira, 10h30, em frente à Igreja Matriz, no coração de São José dos Campos.
No primeiro dia da Operação Inverno de reforço das rondas sociais e acolhimento aos moradores em situação de rua durante o frio, os educadores sociais foram surpreendidos pela aproximação do autônomo Wagner Rogério Duarte, de 44 anos.
Com o clássico evangélico “Bom Dia, Espírito Santo” (de Benny Hinn) nas mãos, ele chegou com um sorriso no rosto e a paz no coração de quem reconstruiu sua vida após receber ajuda do apoio social da Prefeitura.
Duarte se identificou e, ao começar a contar sua história, foi reconhecido pelos educadores sociais –alguns deles o ajudaram quando mais precisou.
Após sofrer por mais de 10 anos nas ruas, convivendo com os males causados pela bebida, cigarro e drogas e afastado de sua família, em 2022 aceitou o acolhimento constantemente oferecido pelas equipes da Prefeitura.
Ficou durante cinco meses em dois abrigos municipais e hoje mora no centro da cidade com o auxílio aluguel temporário mensal disponibilizado pela Prefeitura.
Autônomo, voltou a trabalhar e reconciliou-se com os dois filhos, quatro netos e sete irmãos. Mais importante do que tudo, reconstruiu sua história de vida (saiba mais na entrevista abaixo).
Operação Inverno terá rondas e acolhimento intensificados | Foto: Cláudio Vieira/PMSJC
Vida nova
Duarte não perde as contas: ao ser perguntado há quanto tempo está fora das ruas e livre dos vícios, responde prontamente: dois anos, quatro meses e 24 dias.
“A Prefeitura ajuda muito, em várias situações. Quem quer ajuda, consegue. Se quiserem mudar de vida, a oportunidade está aqui. É o apoio social da Prefeitura”, disse Duarte.
“Eu chegava perto e as pessoas se afastavam de mim. Hoje, dou meu testemunho e perguntam se podem me dar um abraço. Isto me alegra muito”, completou.
A campanha Não Dê Esmola, Dê Cidadania também foi reforçada | Foto: Cláudio Vieira/PMSJC
Recompensa
O depoimento acabou como sempre na nova vida de Duarte: com olhos marejados, abraços e a certeza de que vale a pena ajudar quem mais precisa.
“Ganhei meu dia. É para isto que vamos para as ruas todos os dias, para ajudar quem precisa. Fiquei muito feliz de encontrar alguém que mudou de vida com o apoio que oferecemos”, afirmou o educador social Kallil Melo, que tem 45 anos e atua na função há um ano.
Conscientização de que a Prefeitura oferece ajuda integral | Foto: Cláudio Vieira/PMSJC
Ajuda aceita
O caminho do resgate que transformou a vida de Duarte começou a ser trilhado nesta sexta (30) por R.O.P., que tem 42 anos e vive nas ruas de São José há 12 anos.
Ele aceitou o acolhimento das equipes da Prefeitura, como já tinha feito em outras ocasiões.
“Está muito frio. Não quero ficar na rua. Já fui outras vezes para os abrigos e fui muito bem tratado. A Prefeitura sempre está nos ajudando”.
Saiba mais
Operação Inverno
Início: Nesta sexta-feira (30)
Término: No final de agosto, quando as temperaturas começam a esquetar
Ações:
• Intensificação das ações de abordagem social e de acolhimento às pessoas em situação de rua em todas as regiões da cidade nos dias mais frios
• Reforçadas das equipes que realizam as rondas sociais durante as noites e madrugadas
• A Prefeitura disponibilizou mais 40 vagas temporárias nos abrigos municipais, sendo 30 para homens e 10 para mulheres, no sistema pernoite. Elas se somarão às 348 já existentes.
O que a Prefeitura oferece:
Rondas sociais:
• São realizadas 24 horas por dia, todos os dias, inclusive aos sábados, domingos e feriados
• São 17 veículos e vans e 51 profissionais –educadores sociais e motoristas
• A pessoa que aceita ajuda é levada ao Centro Pop, onde é feita a triagem e o encaminhamento para o local adequado
Abrigos:
• Os abrigos municipais estão preparados para receber todos que estão em situação de rua, com acomodações confortáveis, e equipes multidisciplinares que realizam acolhimento humanizado.
• São seis abrigos para esta população: três masculinos, um feminino//LGBTQIA+, um AVD (Abrigo Vida Diária) e um Família, com um total de 348 vagas.
• Os três masculinos possuem canis e gatis para que os abrigados possam estar junto de seus pets.
• Os idosos ficam nos três abrigos masculinos e, dependendo da necessidade e da disponibilidade, no AVD (Abrigo Vida Diária).
• Já as pessoas com deficiência que são acolhidas também são encaminhadas para o AVD.
• A Prefeitura disponibiliza oficinas e cursos de culinária, artesanato e corte de cabelo, entre outros, com o objetivo de ajudar os ex-moradores em situação de rua a voltarem para o mercado de trabalho, resgatarem suas cidadanias e dignidades e escreverem novos projetos de vida.
• Os abrigos também oferecem atividades esportivas e culturais, além de palestras e rodas de conversa, com a finalidade de ampliar a socialização entre os acolhidos.
Campanha Não Dê Esmola, Dê Cidadania:
• A Prefeitura mantém a campanha Não Dê Esmola, Dê Cidadania. Na fase atual da mobilização, as equipes estão enfatizando que têm vagas nos abrigos municipais para quem quer deixar as ruas e também oportunidades de emprego no PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador).
• De caráter permanente, a campanha tem ampliado a divulgação sobre o atendimento oferecido pela Prefeitura às pessoas em situação de vulnerabilidade social. A iniciativa visa desestimular os munícipes a doar dinheiro, pois essa prática faz com que essas pessoas recusem o acolhimento e permaneçam na rua.
• Ações têm sido realizadas por toda a cidade para orientar a população sobre a melhor forma de ajudar as pessoas em situação de rua. O objetivo é engajar a população, principalmente nos semáforos, onde é mais comum a oferta de dinheiro.
• O trabalho de conscientização se estendeu aos estabelecimentos comerciais, com cartazes sendo afixados nas lojas, e às feiras livres, com a entrega de folders e materiais informativos. Estas ações também contam com windbanners para dar mais visibilidade à campanha.
Ajuda da população
• A população pode ajudar a Prefeitura neste trabalho, acionando as equipes da Administração municipal através do telefone 153 (Guarda Civil Municipal) –as ligações são gratuitas– sempre que se depararem com pessoas em situação de rua.
• Desta maneira, os munícipes contribuem para que estas pessoas possam ser encaminhadas para os equipamentos e serviços apropriados disponibilizados pela Prefeitura evitando, com isto, o fortalecimento do vinculo das mesmas com a rua.
Entrevista
Duarte com a equipe de educadores sociais da Prefeitura: ajuda a quem mais precisa | Foto: PMSJC
Entrevista com Wagner Rogério Duarte
Autônomo e ex-morador de rua em São José
Como a Prefeitura de São José te ajudou a deixar as ruas e reconstruir sua história de vida?
Eu me encontrava em situação de rua, sem rumo. Para o mundo, eu era um caso perdido. Só não era perdido para Deus, mas precisava de ajuda e a Prefeitura me me deu a mão quando necessitei.
Como o senhor aceitou o acolhimento?
Aceitei o acolhimento depois de mais de 10 anos nas ruas. Não queria nada com nada. Fui para um abrigo, onde fiquei três meses, e depois para outro, onde fiquei dois meses. Aí fui abençoado pela Prefeitura com o auxílio moradia temporário, deixando os abrigos. Hoje moro no centro. Já estou há dois anos, quatro meses e 24 dias sem substância nenhuma. Eu tomava dois litros de pinga por dia e fumava crack. Fui dependente das drogas por seis anos.
Voltou a trabalhar?
Sim, como autônomo. Faço alguns bicos para sobreviver.
Sua vida mudou?
Completamente. Até o ar que eu respiro está mais doce.
Qual foi a contribuição da Prefeitura?
A Prefeitura me ajudou bastante. Só tinha um objetivo: levantar cedo para procurar bebida, cigarro e drogas. Comer nem pensar. Hoje, o meu foco é levantar cedo convidando o Espírito Santo para tomar um café. É o meu amigo e sou muito grato por isto.
Voltei a me aproximar da minha família. Antigamente, nem família eu tinha. Para a minha família, eu estava morto devido à situação em que me encontrava nas ruas. Hoje, convivo com meu casal de filhos, com meus quatro netos e com meus sete irmãos. Tenho contato com todos eles, graças a Deus e a vocês da Prefeitura.
Então, sua vida foi reconstruída?
Sim. Tanto com minha família como com a sociedade. As pessoas me olhavam nas ruas de jeito um diferente. Eu chegava perto e as pessoas se afastavam. Hoje, as pessoas vêm até mim.
Quem precisa de ajuda para sair das ruas pode contar com a Prefeitura de São José?
A Prefeitura ajuda muito, em várias situações. Quem quer ajuda, consegue. Não vou falar que sou melhor do que quem está nas ruas porque minha história não é diferente das histórias deles. Eu passei por tudo que eles passaram e passam. Mas, se quiserem mudar de vida, a oportunidade está aqui. É o apoio social da Prefeitura.
Meu recado para eles é: aceitem ajuda do apoio social. O primeiro passo é aceitar que perdeu e que esta vida não nos pertence mais. Aceitando ajuda, a situação vai mudar. Não é da noite para o dia. É com o tempo.
Hoje, sou visto pela população de modo diferente. Dou meu testemunho para as pessoas e elas me perguntam se podem me dar um abraço. Isto me alegra muito.
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