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Secretaria da Mulher realiza segunda edição do “Chá das Rosas” com o intuito de acolher pacientes oncológicas – Agência de Notícias

Fotos: Rose Campos

A Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria da Mulher (Semul), realizou, na tarde desta quarta-feira (28), sua segunda edição do “Chá das Rosas”. O objetivo do encontro é reunir e acolher pacientes oncológicas, que são encaminhadas por várias entidades filantrópicas da cidade, atuantes nesse segmento. A primeira ação foi realizada no dia 23 de abril e agora se repete, com o intuito é tornar essa iniciativa um evento mensal. As participantes foram recebidas com um chá da tarde e as boas-vindas da secretária de Mulher, Rosângela Perecini.

Após um bate-papo com mensagens motivadoras, em uma roda de conversa, elas puderam também compartilhar suas histórias de vida e, na sequência, escolher e passar por vários serviços e cuidados oferecidos gratuitamente, tais como depilação de buço, depilação com a técnica de linha, maquiagem, massagem facial e as orientações da Luciana Souza, costureira que atua com o projeto Pantufinhas, ensinando e incentivando mulheres a tornarem a produção de pantufas, roupas e acessórios infantis em uma fonte de distração ou de renda.

Achei muito interessante participar porque estou há um ano e cinco meses afastada, sem sair de casa. Eu só saía para ir ao médico”, conta Edneia Batista de Souza, moradora do Jardim Piratininga. “Agora, este é o segundo evento do qual eu participo e achei maravilhoso! Acabei até trazendo uma amiga, também da ONG da qual eu participo, a Maple Tree Brasil. Ela também, assim como eu, só estava saindo para ir ao médico”, ela completa.

Quando eu descobri o diagnóstico, pensei que já fosse morrer. Comecei a doar tudo que era meu. Todas as roupas, até as lingeries. Afinal, eu não iria sair mais mesmo, eu pensei. Só fiquei com duas camisolas. O meu carro eu dei para o meu filho. Doei livros, tudo que eu tinha. Mas depois, com o trabalho da associação, eu recebi um apoio muito grande, e fui mudando meu modo de pensar. Hoje eu caminho, eu fico no sítio e faço muitas coisas lá, muitas benfeitorias. Até uma nova rua, para chegar até lá eu consegui abrir. Mandei passar a máquina em outro lugar, porque no caminho anterior eu só patinava nas pedras. E mandei colocar calçamento. As peças estava lá há muitos anos, empilhadas, e eu mandei colocar. Fui pedir para colocarem iluminação na rua, corri atrás de tudo. Hoje cuido das plantas, produzo mudas e dou para as outras pessoas, eu viajo, visito minha mãe, eu dirijo. E aprendi que uma coisa boa é não pensar (no que vai acontecer). Ah, surgiu outro nódulo? Não tem problema, eu tiro. Já tirei 59 nódulos. Vou tirar este também. E vir aqui valeu muito a pena, conheci pessoas novas, pessoas muito positivas. Isso é muito importante e tem um impacto muito positivo nas nossas vidas”, relata Irene da Silva Sabadin.

Em meio aos vários serviços oferecidos durante o Chá das Rosas, as mulheres convidadas conversaram, trocaram informações e experiências e passaram pelos vários serviços oferecidos. Quem também aprovou e elogiou bastante a iniciativa foi Mari Novaes da Silva, moradora do Parque Vitória Régia. “Foi muito bom vir aqui porque a gente acaba descobrindo que tem muita coisa boa sendo oferecida na cidade. Muita gente reclama da saúde, mas eu acredito que, às vezes, o que falta é a pessoa se informar mais. Saber sobre os serviços que estão disponíveis. Meu tratamento todo está sendo pelo SUS e estou sendo muito bem atendida. E aqui, nesse encontro, me deu uma luz ainda maior, por saber que basta a gente saber procurar. Eu só tenho a agradecer, estou sendo muito bem tratada”, Mari avalia.

Entre as profissionais que também participaram oferecendo seus serviços estava Luciana Souza. Costureira há 19 anos, ela iniciou um projeto que consiste em transmitir a outras mulheres conhecimento, informação e orientação sobre esse trabalho e como elas podem adotá-lo em seu dia a dia, seja como hobby, seja como uma nova fonte de renda. “Na verdade, não fui eu que iniciei; as pessoas é que começaram a me procurar, pedir informações, perguntar como eu fazia. ‘Que bonitinho o que você faz’, elas diziam. Então, passei a compartilhar com elas, a informar. Mostrar como é o meu dia a dia. E elas podem fazer isso para passar um tempo, ou até como uma forma de conseguir uma renda. Se eu tive a oportunidade de aprender, também posso ensinar. Então, dedico um dia por semana para receber essas mulheres, uma ou duas pessoas, a cada dia, e elas acompanham toda a minha rotina, ficam em casa, veem como eu faço, conhecem minha casa, meu dia a dia. A gente começa pelos sapatinhos, as pantufinhas de criança, e elas podem usar o tecido de roupas que não usam mais e dá para aproveitar. Depois a gente vai ampliando mais. Elas veem o que é possível fazer, o que elas mais gostam”. Mesmo com a rotina corrida, como esposa, mãe de dois filhos, um de oito e outro de 12 anos, e a costura, que ela faz profissionalmente, ainda encontra tempo para ajudar outras mulheres com o projeto Pantufinhas. E levou esse trabalho também para compartilhar a ideia no Chá das Rosas.

Aldria Gonçalves Lopes é mais um exemplo positivo de vida. Descobriu uma doença hereditária, que alcançou sua mãe, ela própria e as duas filhas, sendo que uma delas veio a falecer após a cirurgia. Ainda assim, se recusa a perder a alegria de viver. E faz questão de compartilhar esse otimismo e perseverança com outras mulheres. Por isso aceitou o convite para participar desta segunda edição do Chá das Rosas. “Há 15 anos, perdi minha filha. Mas, ainda com a dor do luto, precisei encontrar forças para cuidar da outra filha, que também passou pelo mesmo problema, e correr atrás do tratamento dela. Hoje ela está bem, com 22 anos, e somos as melhores amigas uma da outra. Sou ostomizada há mais de 20 anos. Mas não vejo a necessidade de sair falando para todas as pessoas. Vivo uma vida normal. Claro, com os cuidados de alimentação que essa situação exige, mas eu faço de tudo. E descobri, neste evento, que aqui a gente é acolhida de verdade. A gente vê que tem outro ser humano capaz de olhar pela gente”, conclui Aldria.