O Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica, localizado no coração da cidade de João Pessoa, no bairro do Róger, conta com recintos projetados especialmente para cada espécie, com base nas normas determinadas pelo Instituto Brasileiro de Recursos Renováveis (Ibama), legislação ambiental, sob a supervisão de uma equipe multidisciplinar do Parque formada por biólogos, médicos veterinários, ecólogo e zootecnistas. São cerca de 420 animais entre pequenos e grandes mamíferos, aves e répteis, tanto silvestres, como exóticos, abrigados numa área de 26,8 hectares que possui vegetação nativa de Mata Atlântica.
A bióloga Marília Maia explica como é pensado e projetado cada recinto. “A primeira coisa que precisamos saber é quem são esses animais, qual o bioma que ele vive. Por exemplo, têm animais que são da Caatinga, que é uma área com poucas plantas, ou plantas mais secas. Vamos ter também animais que são da Mata Atlântica, que são áreas com muitas plantas, árvores altas. Então a primeira coisa é saber onde esse animal vive na natureza, para tentarmos reproduzir o máximo esse ambiente aqui na Bica”, explicou.
Outro fator primordial para a montagem dos recintos se refere a obtenção de informações sobre o comportamento do animal. “É importante saber se esse animal escala, se o animal é de solo, precisamos entender o comportamento desse animal. Se temos um primata, a tendência é que esse animal passe boa parte do tempo nas árvores. Então, a tendência é fazermos estrutura com muitos galhos, usando a parte superior do recinto. Da mesma maneira se for um animal que vive mais no solo, o foco será a construção de tocas”, descreveu.
Segundo a bióloga, o que não pode faltar no recinto é um lugar reservado, característica inclusive prevista na legislação ambiental. “É um direito de qualquer animal que está dentro de um zoológico não ser visto. Um local onde o animal possa ficar reservado. É uma coisa que as pessoas inclusive falam muito – ‘Nossa, eu fui lá no zoológico e não vi a leoa’. Temos que oferecer a eles o direito de não serem vistos”, ressaltou.
A bióloga esclareceu, ainda, que em sua maioria os recintos oferecem área para banho de sol, caminhadas, tanque, ambiente para cambiamento, além da área de escape com condições climáticas ideais, no qual o animal possa ter privacidade e sossego. As questões de segurança também são levadas em conta preservando uma distância que ofereça segurança e bem-estar, tanto para os animais, quanto para os visitantes e funcionários.
“Nós temos a área de mata onde existem troncos caídos, temos a marcenaria que usamos para construir esses espaços, como casinhas, rampas, nichos e usamos também vários recursos que seriam jogados no lixo, a exemplo de pneus. Pegamos esses pneus, fazemos a higienização, as vezes damos uma pintura e vira um brinquedo para que um primata possa pular”. Segundo ela, além dos troncos e madeira serradas, são usadas tiras de borracha, cordas, canos PVC, entre outros materiais.
Marília Maia citou como exemplo o recinto das aves, da ilha dos macacos prego e dos macacos bugios, que são animais que vivem no alto, nas copas das árvores. “Pensando nessa condição dos bugios no recinto foram usados troncos, poleiros que são fixos e outras partes que são móveis instaladas na parte superior para que eles se pendurarem, como os pneus. Além disso, tem sempre água disponível no recinto e uma parte de mata que, de vez em quando, limpamos e depois deixamos crescer novamente”.
Passeando na Bica podemos ver placas informativas “Você Sabia” com as seguintes informações: “O enriquecimento ambiental é a criação de um ambiente dinâmico, complexo e interativo que proporcione ‘desafios’ físicos e mentais similares aos encontrados na natureza, cujo principal objetivo é proporcionar o bem-estar físico e mental dos animais sob cuidados humanos. Por isso, durante o passeio você pode perceber alguns elementos artificiais dentro dos recintos, como cordas, mangueiras, pneus, caixas de papelão, etc”. Sabendo dessas informações, o visitante é convidado a observação também essa interação nos recintos dos animais.
A bióloga Helze Lins ressaltou que todos os recintos contam com uma área de cambiamento que serve para manter os animais presos durante a limpeza da área externa, servindo também como abrigo e local de repouso para os bichos.
“Seguimos as normas de segurança do Ibama. Existem três níveis de segurança. O primeiro é o acesso natural ao recinto com os animais soltos. Neste caso são animais que não apresentam perigo para as pessoas. No segundo nível os animais ficam presos no cambiamento, geralmente, quando os animais podem apresentar momentos de agressividade. Já no terceiro nível, o animal fica preso e conta, ainda, com um corredor de segurança, geralmente para os grandes felinos”, explicou.
Recepção dos animais – Os animais chegam ao Parque Arruda Câmara através do Batalhão da Polícia Ambiental ou pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Não é permitido à Bica receber animais silvestres por meio de doação ou diretamente da população. Essa entrega voluntária deve ser feita à Polícia Ambiental (contato pelo 190) ou para o Ibama, sem risco de multa ou prisão”, explicou a bióloga Helze Lins.
Acesso
Visitação – terça a domingo
Horário – 8h às 17h (entrada até às 16h).
Taxa – R$ 3,00 (isentos: crianças de até 7 anos/PCDs e idosos acima de 65 anos).