O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba (MPPB), emitiu um parecer contra a revogação da prisão preventiva da ex-diretora do Hospital Padre Zé, Jannyne Dantas, após pedido da defesa da investigada para que houvesse um relaxamento ou troca da prisão por medidas cautelares. O parecer foi divulgado nesta terça-feira (23). A Justiça ainda vai analisar os pedidos.
A ex-diretora do hospital é investigada por participar de uma organização criminosa que teria desviado recursos do Hospital Padre Zé, em João Pessoa, liderada pelo Padre Egídio de Carvalho, que recentemente teve concedido o pedido de prisão domiciliar pela Justiça.
De acordo com o documento, a defesa de Jannyne Dantas argumentou que como a Justiça concedeu ao Padre Egídio a prisão domiciliar com uma série de medidas cautelares, a investigada também teria direito de usufruir de benefício parecido.
No entanto, conforme o parecer do Gaeco, a situação do padre investigado é considerada “excepcional” e “respaldada por laudos médicos”, devido à situação de saúde de Egídio de Carvalho, que recentemente foi internado para tratar de uma apendicite.
O Gaeco entendeu que não há motivos para estender o benefício para a ex-diretora. O parecer acrescentou que a argumentação da defesa é infundada e sem conexão com a realidade
“Qual a situação objetiva que seria extensível à ré para justificar a revogação da prisão preventiva ou sua substituição por prisão domiciliar? Não há. O que existe é um juízo de conjecturas e especulações. O que há, em verdade, é a tentativa de se imprimir um ‘efeito manada’, mormente sob a alegação de que “se para Egídio foi deferido, deve ser para mim, também”, ressaltou o parecer.
O Jornal da Paraíba entrou em contato com a defesa da ex-diretora do hospital sobre o parecer do Gaeco. O advogado Alberdan Coelho disse que “o pedido da defesa em nenhum momento requereu a extensão do benefício da prisão domiciliar do Padre Egídio para Jannyne Dantas” e que, na verdade, requereu a reavaliação da prisão cautelar”. A defesa argumentou ainda que o MPPB deveria reavaliar a prisão a cada 90 dias, de qualquer cidadão, inclusive Jannyne.
Caso Padre Zé
De acordo com a investigação conduzida pelo Gaeco, do Ministério Público da Paraíba (MPPB), padre Egídio de Carvalho é suspeito de liderar uma organização criminosa que contava com participação ativa de Jannyne Dantas, e teria desviado recursos do Hospital Padre Zé, em João Pessoa.
Os valores desviados da entidade filantrópica, segundo o Gaeco após a primeira fase da Operação Indignos, chegam a R$ 140 milhões. O dinheiro teria sido usado para a compra de imóveis de luxo, veículos, presentes e bens para terceiros, além de reformas de imóveis e aquisições de itens considerados luxuosos, como obras de arte, eletrodomésticos e vinhos.
Além do padre, as ex-diretoras do Hospital Padre Zé, Jannyne Dantas Miranda e Silva e Amanda Duarte da Silva Dantas (ex-tesoureira), são investigadas por suspeita de envolvimento em esquema de desvio de recursos e fraudes na gestão do hospital, em João Pessoa.