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vai começar tudo de novo

É o início de uma segunda década de Botafogo-PB na Série C do Campeonato Brasileiro.

Uma relação iniciada de forma festiva e empolgante em 2014, após o título da Série D do ano anterior, e que seguiu repleta de emoções e expectativas ao menos até 2021.

O problema é que toda essa mobilização era sempre seguida de frustrações e dores, assombros repentinos, o que pouco a pouco foi mudando o olhar do torcedor mais crítico.

Foi assim que, principalmente nas duas últimas edições da competição, o que era glória foi ganhando ares de enfadonha repetição da mesma história, contornos de maldição, transtornos emocionais que levavam ao sofrimento desesperado e contínuo.

A história, contudo, mostra que não é bem assim, apesar do invariável desfecho que mantém o Belo na Série C.

Em dez edições, foram quatro as vezes (2016, 2018, 2021, 2023) em que o Belo brigou pelo acesso. Em três dessas (2016, 2018, 2021), a dor da eliminação se deu no último jogo. Em duas (2016, 2018), o gol tráfico foi sofrido no minuto final.

Foram duas vezes também (2017 e 2020) as edições em que o Belo brigou contra o rebaixamento. Outras duas vezes (2014 e 2022) o Belo ficou todas as rodadas da primeira fase na zona de classificação e só foi eliminado na rodada derradeira. Finalmente, foram meras duas vezes (2015 e 2019) que o clube patinou no meio da tabela sem permitir acreditar ou temer.

Reflita! Pense um pouco…

Ninguém permanece indiferente a tudo isso.

O torcedor está mais calejado, mais sofrido, mais envelhecido, mais preocupado, mais cético.

Não são dez dias.

Em uma década, amizades foram desfeitas e refeitas, relações modificadas, outras construídas ou ressignificadas. Alguns torcedores casaram, tiveram filhos, outros perderam pessoas próximas, queridas, companheiros de arquibancada que viraram saudades e agora tremulam em forma de bandeiras. Enfrentou-se mudanças repentinas de poder na Presidência da República, eleições acirradas e tensionadas foram travadas, a democracia foi posta em risco, e em meio a tudo isso a única certeza de que o Belo jogaria a Série C no ano seguinte.

Cinco clubes que já jogaram a Série C com o Belo (Fortaleza, Juventude, Criciúma, Vitória e Cuiabá) hoje jogam a Série A. Onze clubes que já jogaram a Série C com o Belo (Novorizontino, Operário, Botafogo-SP, Brusque, Guarani, Mirassol, Vila Nova, Amazonas, CRB, Ituano e Paysandu) hoje jogam a Série B.

Não tem jeito.

O torcedor para, olha para trás, para os lados, para frente, respira, desabafa: “Isso é desconcertante”.

Mas, e tem sempre um “mas”, isso tudo está no campo da razão, da matemática, dos dados, das estatísticas.

O futebol não está nem aí para tudo isso.

Não importa o que se diga, o que se pense, o que se prometa. Não importa jurar para si mesmo que vai parar de torcer, de acreditar, de ter esperança, de ir ao estádio, ao concreto.

O futebol é traiçoeiro, a paixão é encantadora, as coletividades contagiantes, a bola provocativa.

Quando você menos espera, está novamente contagiado, enfeitiçado, pronto para mais uma vez amar, desejar, deixar-se embalar na certeza de que tudo desta vez vai ser diferente.

Duvida?

Ora!

Com Evaristo Piza de volta ao bando de reservas, o Belo foi lá em Fortaleza e venceu na estreia da Série C de 2024.

Meteu 2 a 1 no Floresta, com direito a golaço de Bruno Leite e a sangue frio para ir em busca da vitória depois de sair na frente e levar o empate.

Enfrentou seis minutos de acréscimos no segundo tempo e ainda assim manteve a serenidade, a bola no pé, a vitória. Resultado tão bom que já se vislumbra dois jogos seguidos em casa para embalar na competição da terceira divisão nacional.

Calejado? Cansado? Sofrido?

Sim, claro!

Mas o que seria do torcer sem a inabalável capacidade do torcedor de se reinventar, redescobrir novas formas de ser feliz em meio ao caos?

Seja bem-vindo, torcedor do Belo.

Pela 11ª vez consecutiva, vai começar tudo de novo!

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