Afastado do cargo por uma decisão do Pleno do Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (TRT 13ª Região), Buega Gadelha transmitiu hoje o cargo de presidente da Fiep para o empresário José William Montenegro – vice-presidente mais antigo da entidade.
William terá 30 dias para convocar o Conselho da Federação para a escolha do futuro presidente, em uma eleição entre os três vices: Clodoaldo Amorim, Cassiano Pereira e o próprio José William.
Os três fazem parte da chapa eleita em meio a vários questionamentos de falta de transparência e impasses na Justiça pela não prestação de contas da gestão Buega. Em um dos casos, a Justiça determinou a anulação de uma ata e declarou reprovadas as contas de 2021.
”Estou sendo alçado ao cargo, cumprindo fielmente o nosso estatuto e durante este período, faremos o possível para que a gente possa melhorar naquilo que é necessário”, afirmou José William, presidente interino.
No texto publicado na página oficial da Fiep, a assessoria da entidade simplesmente omitiu a informação da decisão judicial. Cá entre nós: uma tentativa de desinformação e falta de transparência.
Relembre o caso
Por 5 votos a 2, o TRT 13ª Região decidiu pelo afastamento de Buega Gadelha do cargo de presidente da Fiep. A decisão manteve uma sentença de mérito da juíza do trabalho Karolyne Cabral Maroja Limeira, na 2ª Vara do Trabalho em Campina Grande.
Os advogados de Buega informaram, na época, que iriam recorrer do afastamento.
A decisão da magistrada é de outubro de 2023 e já determinava o afastamento, mas a defesa de Buega conseguiu uma liminar para mantê-lo no cargo naquele momento.
Somente nesse processo é a terceira decisão que determina o afastamento de Buega do cargo. No início de maio, após a formalização das denúncias no âmbito da Operação Cifrão, uma liminar já havia sido concedida.
A liminar, no entanto, foi derrubada pela decisão de um desembargador do TRT e referendada (a decisão do desembargador) pelo tribunal posteriormente.
Os argumentos
Na ação inicial os autores alegam que “atual Presidente estaria, durante quase três décadas, utilizando de forma ilícita seu cargo para beneficiamento próprio e de terceiros, sendo apontado em “escândalos envolvendo desvios de verba e de função”, como nas Operações Cifrão e Fantoche, além do envolvimento com compra de passagens aéreas para familiares, contratação de empresas vinculadas a amigos e funcionários, desobediência de regramento próprio nos procedimentos licitatórios, e adoção de postura complacente com alguns dirigentes e funcionários em casos de assédio e desvios de recursos”.
Um outro argumento é o de que ele não exerceria mais a condição de industrial, requisito para o exercício do cargo.