O Ministério Público da Paraíba denunciou o casal Jucélio Pereira e Priscila Santos, donos da empresa Hort Agreste, pelo envolvimento no “Golpe do Tomate”, que consistia em atrair investidores que aportassem dinheiro no cultivo de hidropônicos ao prometer lucros acima da realidade do mercado financeiro e sem recebimento do rendimento.
De acordo com o processo, ao qual o Jornal da Paraíba teve acesso, uma outra pessoa, identificada como Nuriey Francelino de Castro, que em um documento aparece como parceiro comercial de Jucélio e Priscila, também foi denunciado. Os três envolvidos vão responder por estelionato majorado. O caso tramita em segredo de Justiça.
As investigações da polícia dão conta de que as ações de Jucélio Pereira, que foi preso no dia 7 de fevereiro, pode ter gerado um prejuízo de mais de R$ 120 milhões nos últimos dois anos para as vítimas.
Já a esposa, Priscila dos Santos, que é sócia-administradora da empresa, de acordo com o delegado Aneilton Castro, da Polícia Civil, teve o pedido de prisão preventiva protocolado junto à Justiça, no entanto, a polícia informou que o pedido de prisão dela foi negado.
O casal compõe um grupo de oito pessoas no quadro societário da Hort Agreste. Ela é sócia majoritária, com participação de 40% na constituição da empresa, enquanto Jucélio tem participação de 30%. Juntos aportaram cerca de R$ 175 mil na empresa.
O capital social da Hort Agreste é de R$ 250 mil, de acordo com contrato social de constituição da empresa que o g1 teve acesso. Esse valor é 480 vezes menor do que a Polícia Civil calcula que tenha sido o prejuízo gerado pela empresa nos golpes aplicados, em cerca de R$ 120 milhões.
O Jornal da Paraíba entrou em contato com as defesas de Priscila dos Santos e Jucélio Pereira. O advogado que representa a sócia-majoritária disse que vai se pronunciar no momento oportuno, enquanto a representante do empresário não comentou a denúncia. A defesa de Nuriey não foi localizada.
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O golpe
O empresário Jucélio Pereira de Lacerda foi preso no dia 7 de fevereiro, na zona rural de Lagoa Seca, região de Campina Grande, por suspeita de estelionato qualificado e formação de quadrilha, em um esquema de investimentos em cultivo de hortaliças hidropônicas em que ele não efetuava os retornos prometidos.
Ele foi preso por força de um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça. Segundo as investigações, o suspeito possui uma fazenda de cultivo de hortaliças hidropônicas, que são vegetais plantados na ausência de solo, apenas com água e nutrientes necessários.
Ele oferecia investimentos nesse cultivo, com a justificativa de que a manutenção do plantio é cara, e prometia em troca lucros acima da realidade do mercado financeiro. Quando chegava a época do investidor começar a receber seus retornos financeiros, os pagamentos não eram efetuados.
O Jornal da Paraíba teve acesso a um boletim de ocorrência feito por uma das vítimas do golpe contra o empresário. Segundo a denúncia, foram prometidos rendimentos mensais de 7% para Tomate Tipo 1 durante 12 meses e 10% para Tomate Tipo 2 durante 24 meses.
Após os prazos informados, o investidor teria acesso ao percentual de 30% a título de participação nos lucros.
O denunciante alega que investiu e realizou o pagamento de mais de R$ 180 mil em outubro de 2023, mas desde o dia 15 de novembro não vem recebendo seus pagamentos.
Conforme relato das vítimas, Jucélio prometia também uma “invenção mágica” para os investidores, que garantiria a produção das hortaliças em um tempo recorde, nunca visto antes.