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Angela Davis faz 80 anos, e os Estados Unidos ainda mantêm o horror que é a pena de morte

Sexta-feira passada, 26 de janeiro de 2024, a ativista Angela Davis fez 80 anos. Angela Davis é dos direitos humanos. Angela Davis é da luta contra o racismo. Angela Davis é da luta das mulheres. Angela Davis é uma figura absolutamente extraordinária do nosso tempo. Das últimas décadas do século XX, das primeiras do século XXI.

Na sexta-feira, no dia em que Angela Davis fez 80 anos, o mundo acordou com a notícia de que, na noite anterior, o estado do Alabama – o mesmo Alabama onde Angela nasceu – executara um preso condenado à morte usando gás nitrogênio.

Antes de ser dado como morto, o preso passou 22 minutos em sofrimento, disse o religioso que acompanhou a execução. A manutenção da pena de morte na maior democracia do mundo é um atentado contra a humanidade.

Não importa quem é o preso nem o crime que ele cometeu. O instituto da pena de morte, adotado em quase 30 dos 50 estados americanos, é incompatível com os avanços do mundo contemporâneo e com o processo civilizatório da América. O Estado não poderia ter a prerrogativa de executar seus presos.

Intelectual de formação marxista, Angela Davis fez 80 anos no dia em que acordamos com a notícia da execução no Alabama. É uma coincidência triste, mas é uma coincidência importante porque, em seu ativismo, Angela, que foi presa por causa da ligação que teve com os Panteras Negras, tem feito da vida uma luta permanente pelos direitos humanos.

Pauta nos últimos anos reinserida com tanta força no cotidiano das pessoas, o feminismo entrou no meu radar através de Angela Davis há mais de 50 anos, quando eu saía da infância para a adolescência. E quem chamou minha atenção para ela foram duas canções do início da década de 1970 que cruzaram o tempo e seguem nas minhas audições.

Em 1972, num álbum de destemido conteúdo político (Some Time in New York City), John Lennon e Yoko Ono gravaram Angela. Também em 1972, no álbum Exile on Main Street, os Rolling Stones gravaram o country Sweet Black Angel. John e Yoko e os Stones se engajavam ali nos esforços pela libertação de Angela Davis.

Fecho a coluna com as duas canções.

ANGELA

John Lennon e Yoko Ono, 1972

SWEET BLACK ANGEL

The Rolling Stones, 1972

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