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Agência Minas Gerais | Funed se prepara para realizar ensaios de migração de plastificantes para os alimentos

A Fundação Ezequiel Dias (Funed) vem se preparando para implantar ensaios laboratoriais de migração de plastificantes de embalagens plásticas para alimentos. O objetivo desses ensaios é avaliar a transferência de substâncias utilizadas no processo de fabricação das embalagens para os alimentos. Atualmente, somente o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), oferece esse tipo de serviço, sob demanda proveniente dos órgãos de fiscalização, em todo o território nacional. Com a inclusão desses ensaios no portfólio do Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen-MG), a Funed será pioneira no monitoramento das embalagens plásticas para o contato com alimentos. 

Wendy Leanz / Funed

A chefe do Serviço de Análise de Rotulagem (Sarot) da Funed, Valéria Vieira, e a servidora Daniella Guimarães explicam que a ideia surgiu da necessidade de uma vigilância mais ativa para esses tipos de produtos. “Vários dos compostos encontrados nas embalagens para alimentos têm potencial toxicológico, podendo ocasionar danos hepáticos, neurológicos ou efeitos carcinogênicos. Por esse motivo, as normas sanitárias estabelecem limites para as substâncias passíveis de migração. A intenção dos ensaios de monitoramento é verificar se o quantitativo migrado para os alimentos está dentro dos limites estabelecidos pela legislação”, comenta Valéria. 

A proposta de implementação desses ensaios, que teve início em 2021, é uma parceria entre os serviços de Análise de Rotulagem (Sarot) e de Química Especializada (SQE) da Funed e visa à proteção à saúde do consumidor, uma vez que é crescente a diversidade de embalagens utilizadas para contato direto com alimentos, tornando importante o seu monitoramento. A referência técnica do Laboratório de Análise de Microcomponentes do SQE, Daniel Oliveira, conta que os estudos se iniciaram com o objetivo de levantar e compreender todas as normativas atuais que regulamentam o tema no Brasil, buscando, inclusive, as normas internacionais que serviram de referência para a legislação brasileira. 

“Com base nessas informações, a equipe passou a trabalhar no desenvolvimento do ensaio de migração total de embalagens plásticas para os alimentos. Durante os testes preliminares, foram analisadas diversas matrizes plásticas, entre elas garrafas PET, copos, pratos, embalagens de picolé, tapetinhos para doces, marmitas para microondas, formas de isopor e filmes de PVC”, detalha Daniel. 

A referência técnica explica ainda que, pelo fato de os filmes de PVC terem apresentado resultados promissores, essa matriz foi escolhida para se fazer a validação do método. “Dessa forma, o ensaio foi desenvolvido e culminou na homologação da metodologia em setembro de 2022. A partir de então, a equipe passou a avaliar a ampliação do escopo analítico para analisar também embalagens celulósicas, tendo sido feitos vários testes nesse sentido”, complementa. 

Capacitação externa 

No final de setembro, os servidores Daniel Oliveira, Daniella Guimarães e Valéria Vieira estiverem no INCQS/Fiocruz para um treinamento no ensaio de migração de plastificantes de embalagens plásticas para alimentos. O curso teve como propósito direcionar os trabalhos de avaliação da migração específica para o adipato de di 2-etil-hexila (DEHA) e o ftalato de di 2-etil-hexila (DEHP), que são plastificantes que conferem flexibilidade ao plástico, permitindo que ele seja esticado sem se romper, como acontece nos filmes de PVC.  

A ida ao Rio de Janeiro contribuiu para consolidar os trabalhos já iniciados na Fundação, que se encontram em fase de implementação. A previsão é que os ensaios estejam aptos a serem ofertados para a Vigilância Sanitária até o segundo semestre de 2024. 

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